quinta-feira, 6 de outubro de 2011

RAPOSA GUARDIÃ DO GALINHEIRO

Era uma vez um galinheiro situado num terreno surrealista de grande proporções e pequenos propósitos, onde se entulhavam várias raças: as bem nutridas galináceas “brancas”, que forneciam, desde o “início-do-princípio-do-começo”, o “Galo-Rei” do dito aviário; as “negras” subnutridas, que somadas as “capoeiras” nordestinas e as mineiras “caipiras” formavam a periferia; as “carijós”, compunham o setor religioso; as “amarelas”, todo o resto; e as “vermelhas” comunistas da oposição, ou como seria mais próprio, a turma da “ovosição”.

Pois bem! No início tudo estava caminhando – ou ciscando – como deveria, até que o “Galinhódromo”, se tornou um “Japão” de galináceos, um “México” de desordem, uma Índia de discriminação e um “Brasil” de corrupção. Resumindo... Tornou-se um “Afe-Paqui-Iraquestão”.

Como a bagunça era generalizada e ninguém mais respeitava ninguém, resolveram criar uma polícia para manter a ordem. Nada adiantou! Qualquer porçãozinha extra de ração ou uma “galinhada” num poleiro alheio, deixavam os “frangos” da lei, literalmente de “bico” calado.

Diante desse caos, o “Concílio dos Galos Velhos”; cujo próximo passo seria para a panela; resolveram radicalizar, e contratar para o posto de guardião do galinheiro um animal a quem tomos temiam, a Raposa. Só ela poderia por ordem no galinheiro. E assim foi feito.

Uma comissão de “Garni-Zés”, e “manés”, foi até a raposa e fez o convite, que foi imediatamente aceito. No princípio a ideia imprópria, parecia ter dado certo, mesmo porque a carnívora matreira, impunha respeito sem demonstrar nenhum perigo. De forma sagaz, conquistou a confiança de todos até que astutamente foi eliminando um por um dos habitantes do lugar.

Mas, também, quem manda ser tão idiota a ponto de colocar um predador pra tomar conta da sua presa! É tão inconsequente como se colocássemos um tenente-coronel, criminoso, corrupto e assassino para comandar um, digamos assim, batalhão da polícia Militar, de uma cidade grande, tipo: São Gonçalo... Isso não existe...


Carlos Lopes
Cronista – Dramaturgo – Escritor

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